Espaços urbanos

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Temporal no Centro Histórico - foto Francisco Nöller

domingo, 12 de abril de 2015

Escola Antônio Vicente da Fontoura - mais uma história

O centenário de uma escola é acontecimento que merece saudação da comunidade, seja pela marca atingida, o que se restringe a poucas instituições em nosso meio, seja pela significação da árdua atribuição de instruir/educar gerações atravessando o tempo e as naturais mudanças culturais, sociais e pedagógicas.

A Escola Antônio Vicente da Fontoura chega ao seu centenário com pelo menos duas características dignas de nota: desde o início conserva o mesmo patrono, e com isto forja uma identidade associada ao líder farroupilha que não foi professor, mas que, nas palavras de Cândida Fortes Brandão, foi um educador “pelos brilhantes exemplos tanto na vida privada como na pública, merecendo por isso, servir de exemplo à juventude”, e por estar localizada desde sempre em ponto mais do que especial da cidade: os arredores da Praça Balthazar de Bem.

Antônio Vicente da Fontoura



E a respeito da localização, já foi abordado na postagem anterior que a escola passou a ocupar as dependências do antigo Teatro Municipal, transferido pela municipalidade para o governo do Estado. O prédio do teatro sofreu grande avaria nas estruturas do telhado em janeiro de 1908. Em 1915 estava há sete anos parado e sem as obras necessárias de recuperação. A ocupação pelo Colégio Elementar e Fórum foi a sua redenção. E destas obras surge uma quase desconhecida história.

Teatro Municipal - prédio ao centro
- fototeca Museu Municipal

As obras de recuperação e adaptação do jovem e combalido prédio (inaugurado em 1900) foram entregues a um construtor italiano chamado Giuseppe Tellini, ou José Tellini. E o intrigante desta história é que este construtor que apareceu pela primeira vez nos registros, segundo o arquiteto e escritor Günter Weimer*, em 1911, morreu em Cachoeira, justamente enquanto tocava as obras no prédio do Teatro.

O jornal O Commercio, edição do dia 23/4/1917, noticiou que José Tellini faleceu às 12h30 do dia 16 de abril de 1917, aos 52 anos. O italiano, na hora do almoço, recostou-se para um pequeno cochilo..., mas não mais acordou. Residente em Porto Alegre, Tellini deixou mulher e oito filhos e estava morando em Cachoeira há alguns meses em razão das obras. 

O construtor italiano, cujas notas biográficas são esparsas, fez em Cachoeira, quem diria, sua derradeira obra. Histórias da centenária história da Escola Antônio Vicente da Fontoura.

*Günter Weimer, em Arquitetos e Construtores do Rio Grande do Sul (1892 - 1945), Editora UFSM, 2004.

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