Espaços urbanos

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Temporal no Centro Histórico - foto Francisco Nöller

sábado, 14 de maio de 2016

Série Lojas do Passado: Bilhares

As ofertas de lazer e entretenimento em Cachoeira não eram muito fartas no início do século XX, como atestam os exemplares de jornais da época, que divulgavam todo gênero de estabelecimentos e propagandeavam eventos sociais e culturais.

Uma das opções voltadas ao público masculino eram as casas de bilhar, geralmente em funcionamento junto a bares e restaurantes. Nestes locais, os homens gastavam horas em partidas, consumindo também os serviços, comidas e bebidas que as casas ofereciam.


Um bilhar em São Paulo - 1914
sampahistorica.files.wordpress.com

Bilhar define genericamente diversos tipos de jogos que utilizam tacos e bolas sobre uma mesa, como o snooker, ou sinuca, o carom, a bagatela e o popular mata-mata. Pela boa quantidade de bilhares noticiados pelos jornais O Commercio e Rio Grande, que circulavam no início do século XX, é possível perceber o quão popular eram esses jogos.

Um bilhar em Cachoeira - sem identificação - fototeca Museu Municipal

O Bazar de Adriano Henrique Ferreira e Fernando Sehmann, inaugurado em 1891, na Rua Sete de Setembro, é o mais antigo estabelecimento do gênero de que se tem notícia. Comercializava miudezas, secos e molhados, bebidas e charutos, oferecendo mesa de bilhar e jogos de dama, gamão e dominó.

Sucederam o Bazar outras casas de variadas modalidades de comércio e serviços que dispunham de mesas de bilhar:

- Café Raio-X, salão de bilhares fundado por Guilherme Chapmann em 6 de maio de 1905, na Rua Sete de Setembro. Em 1906, Chapman fez sociedade com Luiz Leão e Jacintho Dias, e o Café Raio-X passou a ter duas seções. Na primeira, administrada por Luiz Leão e Jacintho Dias, funcionavam modernos bilhares importados do Rio de Janeiro, jogos de recreio e mesinhas para bebidas. Na outra seção, dirigida por Guilherme Chapmann, eram servidos sanduíches, bifes, cafés e frios. O salão, bem amplo, era iluminado com luz de acetileno.

- Alfaiataria de Arthur Fetter, também na Rua Sete de Setembro, ficava contígua ao Bilhar Moser e ao armazém de Luiz Leão. Em 1911 passou a funcionar na Rua Moron, voltando dois anos depois para a Rua Sete. Em 1917, os jornais noticiavam que Arthur Fetter havia mudado o estabelecimento para a Rua Saldanha Marinho.

- O barbeiro Guilherme Gaspary, dono do Salão Democrata, ampliou seus negócios e em agosto de 1917 reformou o prédio que ocupava na Rua Sete de Setembro, antigo endereço da Tipografia do Comércio, e anexou à barbearia uma casa de bilhares e bebidas, mudando o nome para Salão Cachoeirense.

À direita, local onde funcionou a Tipografia do Comércio e depois o Salão Cachoeirense
- fototeca Museu Municipal

- Bento Rodrigues inaugurou, em 11 de maio de 1919, o Salão Recreativo, na Rua Sete de Setembro, 151. O estabelecimento oferecia um amplo e confortável salão com dois bilhares e sortido estoque de bebidas e especialidades. Junto ao bilhar, funcionaram uma engraxataria e mensageria.

- Café Paulista, de Manoel Costa Júnior, inaugurado em 14 de junho de 1920. Abrigava bilhares e comercializava bebidas, café, doces e cigarros. Casa sofisticada, possuía uma orquestra dirigida pelo pianista Álvaro Gusmão. Com pintura interna executada por Alcides Ávila, o Café Paulista teve seu nome escolhido por concurso público. Localizado na Rua Sete de Setembro, 149, depois de um rápido período de fechamento reabriu em 1922 com uma confeitaria que aceitava encomendas para banquetes, bailes, casamentos e batizados. O Café Paulista tinha, à época, três bilhares. Em 1927, de propriedade de Angelo Costa, passou a se chamar Café e Bilhar Paulista.


Café Paulista - Grande Álbum de Cachoeira, de Benjamin Camozato - 1922

- Bar Americano, de Manoel Fernandes, aberto em 26 de setembro de 1931, oferecia seção de bilhares e restaurante, na Rua Sete de Setembro, 934, andar térreo do sobrado Barcellos.


Sobrado Barcellos - Rua Sete de Setembro - fototeca Museu Municipal

Os bilhares atravessaram as décadas e ainda hoje atraem jogadores, garantindo aos estabelecimentos a movimentação de negócios em torno de mesas, tacos e bolas!

2 comentários:

  1. Uma delícia ler os teus textos sobre Cachoeira Mírian ! Fico pensando na imensa leitura que tivesses que percorrer para chegar a este relato leve e divertido ! Parabéns!

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    1. Suzana, são anos e anos de leitura mesmo, anotações mil... Meus alfarrábios são preciosos e uso para disponibilizar estas informações para as pessoas, com o intuito de divulgar a riqueza da nossa história e de despertar nelas o amor por Cachoeira. "Ninguém ama o que não conhece". Obrigada!

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